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Chapada Diamantina

 

 

LENÇÓIS E VALE DO CAPÃO - BA

 

PAISAGENS - IMPRESSÕES SENSORIAIS

 

Sabe quando algo te arrebata para além de você, além da sua condição humana? Pois é, ali é assim. Um território predominantemente geológico. Que visivelmente se configurou, inúmeras vezes, muito antes que a vida humana habitasse a Terra. E guarda suas marcas e memórias geológicas. Como um território feito em camadas.

 

Um território selvagem? Sim, essa foi a primeira impressão que tive, talvez pela vastidão que o olhar não consegue capturar e pelo toque árduo em suas pedras. Cheguei pela cidade de Lençóis, e já fui logo andarilhando e escalando o leito e as margens rochosas e arenosas de seu rio.

 

Porém selvagem é um termo raso demais somente como significado de agreste, bravio ou não cultivado pelas mãos humanas. Aqui o próprio selvagem também se apresenta em camadas, estratos. E acaba se mostrando como exuberante, extravagante, arredio sim senhor, licencioso, solitário, majestoso e incrivelmente autorrealizado. Ocupamos porque insistimos.

 

Existe também a camada da água, seja em abundância ou em falta. A fluência e a qualidade das águas que moldam novas paisagens, vegetações e segredos. Ora a caatinga, ora campos rupestres, ora a vegetação da mata atlântica ou até mesmo um mini-pantanal com lírios aquáticos e suaves bancos de areia.

 

Serras, formações rochosas, vales, nascentes de rios, montanhas, grutas, poços, cachoeiras e muito mais mesclados num vasto território que abrange várias cidades e fusão de culturas no centro do sertão baiano . Um lugar único.

 

Percebo que na minha visita à Chapada Diamantina estive somente na sua beirada, tal qual a ponta do iceberg como se costuma dizer. As distâncias são grandes. Outras cidades, lugares e culturas ainda para explorar e sentir.

COMO CHEGAR

 

- A cidade de Lençóis é a principal porta de chegada da Chapada Diamantina e está aproximadamente a 400 km de distância de Salvador (BA). E se você pensa em alugar um carro para fazer seus passeios, o melhor é já providenciá-lo na sua chegada em Salvador ou ainda em Feira de Santana, pois só há uma opção de locadora em Lençóis. Essa seria a condição ideal para se ter autonomia ao longo da viagem, pois as distâncias entre as cidades (e atrações) da Chapada são grandes e as estradas locais muitas vezes de chão batido, ou seja, na escolha do carro prefira um utilitário ou um carro esportivo (suspensão alta).

 

E se você não estiver de carro, sem problemas, pois é possível acessar a Chapada Diamantina de ônibus, com saídas diárias de Salvador, e explorá-la através das inúmeras opções de passeios promovidos pelas agências/pousadas da região  ou combinando diretamente com um guia local quando chegar lá. De ônibus você também acessa a região mais ao Sul da Chapada, através da cidade Rio das Contas. Existe também um voo semanal (duração 45min.) que faz direto Salvador-Lençóis-Salvador.

 

Para informações sobre a Chapada Diamantina não deixe de visitar o excelente site www.guiachapadadiamantina.com.br Ali você vai encontrar as informações necessárias e bem detalhadas para programar a sua viagem e se quiser também você pode baixar um aplicativo (para smartphone ou tablet) com o Guia da Chapada Diamantina.

 

DICAS PESSOAIS

 

- A charmosa Lençóis é a cidade com maior infraestrutura para abrigar o turista, porém não a única que oferece lindas atrações. Em Lençóis você vai encontrar formas para organizar seus passeios durante o dia, vida noturna com barzinhos e restaurantes charmosos nos calçadões, comida típica regional, lojas e ateliês (procure pela ceramista Sílvia Lopes). Porém você pode também visitar e se hospedar em outras cidades/vilarejos caso você tenha tempo.

 

- Em Lençóis não deixe de se hospedar na Pousada do Alcino (www.alcinoestalagem.com), um verdadeiro charme. Um casario colonial recuperado, em cada detalhe, com arte e criatividade. O café da manhã é o grande encontro ao redor de uma mesa de fazenda para degustar os diversos quitutes e iguarias da cozinha local. Delicioso, para ser curtido e saboreado enquanto são compartilhadas preciosas dicas e experiências de passeios. A própria pousada tem como te auxiliar na organização do seu passeio turístico, na sugestão de onde ir e indicação de guias locais. E através do Alcino conheci a Virgínia, uma guia excelente. Chegando lá pergunte por ela ou tente nesses telefones que ela deixou de contato: (75) - 3334 1530 ou (75) - 3344 1963.

 

- Um detalhe importante e que me chamou atenção, já que sou uma viajante independente: você vai precisar de guias. Ou ao menos de orientações bem precisas do pessoal local. Em primeiro lugar pela sua segurança para evitar transtornos, para você não se perder e nem perder tempo. E depois porque é realmente um lugar selvagem e sem nenhuma sinalização de acesso às suas atrações naturais. Nem nas estradas, nem no Parque e nem em trilhas locais.

 

- Acabou de chegar em Lençóis e não sabe ainda por onde começar? Vai direto para o por do sol no Morro do Pai Inácio. Cartão postal que lhe dará às boas vindas solenemente. Namastê!

 

- Na minha viagem fiquei também uns dias curtindo o Vale do Capão. Pés descalços, ruas de terra, um astral rural que gosto e cultura alternativa integrada com os nativos. Por lá você também vai encontrar muitos estrangeiros morando ou visitando, escolas de música e dança, escola de circo, pedagogia Waldorf, ou seja, muita coisa acontecendo no meio do Sertão baiano, a 400km de Salvador e que nem imaginamos.

 

- Se for ao vale do Capão (que pode ser a pé) não deixe de ir na Cachoeira Águas Claras, no sopé do Morrão. É um bálsamo! Tem uma paisagem delicada e que se abre no chão do vale, com aros de pedras por onde passam as águas e você pode explorar com seu corpo. A trilha é longa, porém plana, fácil e muito agradável no meio de um campo rupestre, sendo guiada pelo Morrão o tempo todo. Você já esteve na Irlanda? Eu não, mas algo ali me remeteu àquelas paragens.

 

- No Vale do Capão fica também a Cachoeira da Fumaça e tantos outros passeios ao seu redor. Informe-se sobre a melhor época para visitas.

 

- Para quem gosta de trekking não deixe de experimentar o roteiro pelo Vale do Pati. Dorme-se nas casas dos moradores locais que as adaptaram ao turismo da região.

 

- Um outro passeio que também é muito restaurativo e pode cair bem entre uma aventura e outra é ir até o Rio Roncador (por Andaraí ou Lençóis). Um verdadeiro Santuário! Piscinas naturais e hidromassagens formadas pelos bolsões das rochas, como crateras mesmo. E aqui a sensação é que essas pedras realmente abrigam memórias de um tempo geológico muito distante. Faça a experiência de estar lá e deixe-se levar pelas suas percepções. Bom, para ir ao Rio Roncador você vai também ganhar um outro passeio delicioso, que é a navegacão em pequenas canoas pelo Rio Marimbus e se deleitar com esse mini-pantanal e sua vegetação de lírios aquáticos no meio do semiárido. A chegada é pela comunidade quilombola da Vila do Remanso.

 

- Consulte o Guia da Chapada para programar seu roteiro de visitas e não deixe de ir aos poços e grutas. Ou simplesmente chegue lá e siga sua intuição. E não fique chateado se você voltar com a impressão de que havia muito mais para você conhecer, pois com certeza há! Infinita é a Chapada e suas paisagens.

 

 

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